Camaquã: desemprego, crise econômica e a ausência de autocrítica dos setores patronais
- Leandro Barbosa
- 26 de jul. de 2019
- 2 min de leitura
Mais de 150 empresas camaquenses fecharam as portas só em 2019.

Mais de 150 empresas camaquenses fecharam as portas só em 2019. O dado foi apresentado pelo presidente da Associação Comercial e Industrial de Camaquã (ACIC) em entrevista divulgada pelo site Notícias Camaquã e Região, nesta quarta-feira (24).
Segundo Paulo Pankowski, presidente da entidade, empresas de pequeno e médio porte estão encerrando suas atividades devido à gravidade da crise econômica.
Ora, não é novidade para ninguém que a economia do país está em pleno declínio. Ao andar pelas ruas da nossa cidade e ver a quantidade de salas comerciais com placas de “aluga” já é um indicador que a crise chegou, e chegou forte e vai perdurar enquanto a conjuntura nacional não mudar.
Comparativo fotográfico entre os anos de 2013 e 2019 em uma quadra central do município.
Camaquã não é uma ilha, sofre os reflexos da crise instaurada no pais. Mas, é importante destacar que a sucessão de governos de direita que perdura quase vinte anos e suas pautas desconectadas com o desenvolvimento local são fatores agravantes para a situação precária do nosso município.
No entanto, é preciso que as entidades patronais e seus dirigentes ligados a direita façam à autocrítica. Em 2015 apoiaram formalmente o golpe contra a presidente eleita Dilma Rousseff, como foi o caso da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com o Pato Amarelo ou como fizeram outras de forma velada através de manifestações de seus dirigentes e apoios financeiros aos movimentos pró-golpe. Começava uma fissura na nossa jovem e frágil democracia.

Ainda não satisfeitos, apoiaram as reformas de Temer, que congelou investimentos sociais em áreas como educação, saúde, habitação e salário mínimo. Apoiaram a reforma trabalhista, sustentando que traria milhões de empregos. A Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul) divulgou nota em seu site em tom de comemoração. “Agora o Brasil volta a crescer, gerar impostos, renda e movimentar a economia, num clima de tranquilidade e confiança”, afirmou a presidente da entidade na época.

Marcharam junto com Bolsonaro e fizeram um ser totalmente despreparado chegar à Presidência da República, mesmo após o próprio Bolsonaro afirmar que não entende nada de economia. Apoiam a reforma da previdência que além de ser extremamente prejudicial aos trabalhadores, levará a economia dos municípios ao caos.
No quesito da reforma da previdência tenho alertado as lideranças do nosso município para a catástrofe que isto significará entre 5 a 10 anos se for aprovada. Por exemplo, em 2018 os benefícios previdenciários destinados a Camaquã foram superiores a R$ 221 milhões, já o recurso destinado pelo Fundo de Participação dos Municípios foi de apenas R$ 43 milhões.
Então se realmente as entidades que representam o setor empresarial querem a retomada do crescimento da economia está passando da hora de começarem a defender que é necessário melhorar a renda dos trabalhadores, dar aumento real ao salário mínimo, assegurar-lhes as garantias e direitos constitucionais, investir massivamente em educação, fazer distribuição de renda através dos programas sociais, fortalecer o setor público em áreas estratégicas como é caso do setor de energia. Caso contrário seguiremos nessa toada e mais comércios fecharão as portas nos próximos meses.
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