Camaquã enfrenta a seca mais severa dos últimos anos
- Leandro Barbosa
- 3 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de mai. de 2020
Avanço do desmatamento na Amazônia é um dos fatores que influencia na estiagem

O município de Camaquã enfrenta a mais severa estiagem dos últimos anos. A situação não é diferente em outros municípios da região, fazendo com que a maioria das prefeituras declarassem situação de emergência em decorrência da seca.
Camaquã declarou situação de emergência pela estiagem em 02 de janeiro de 2020. Sendo que em 03 de novembro de 2019 o município também havia decretado situação de emergência, mas por outro motivo: excesso de chuvas.
Em outubro do último ano o nível da barragem do Arroio Duro estava acima do limite, o que causava preocupação aos camaquenses. Hoje, cinco meses após a declaração de emergência em razão das chuvas, o nível da barragem chegou aos alarmantes 11% da sua capacidade.
A cada ano é possível perceber um desiquilíbrio climático maior. Entre os fatos que contribuem com essa desordem, está o desmatamento da Amazônia. Apesar da distância geográfica, ela é responsável por regular o clima no país, principalmente dos três estados do Sul. A Amazônia vem sofrendo com o desmatamento há décadas, mas de forma mais intensa nos últimos anos, provocando diversos problemas em nossa região.
Estudos apontam que a estiagem deve persistir no segundo semestre de 2020
A diminuição da quantidade de árvores na Amazônia impede o fluxo de umidade entre o Norte e o Sul do país. A retirada da cobertura vegetal interrompe o fluxo de umidade do solo para a atmosfera. Desta forma, os “rios voadores”, nome dado a grandes nuvens de umidade, responsáveis pelas chuvas, que são transportadas pelos ventos desde a Amazônia até o Centro-Oeste, Sul e Sudeste brasileiros, não “seguem viagem”, causando a escassez hídrica.
Com isso, os períodos de secas estão cada vez maiores, sendo esse efeito uma das consequências do desmatamento. Segundo previsões meteorológicas, Camaquã poderá ter chuvas consideráveis no mês de maio, mas insuficientes para reverter a situação da agricultura e dos reservatórios de água. Estudos apontam que a estiagem deve persistir no segundo semestre de 2020.
Entenda o funcionamento dos Rios Voadores
O desmatamento, aliado às políticas de desmonte de órgãos fiscalizadores, aos ataques que entidades e ambientalista vem sofrendo, ao descaso com a ciência e dados científicos e a falta de atenção por parte do Governo Federal faz com que os gaúchos sofram cada vez mais com as secas rigorosas.
Se as projeções se confirmarem, os camaquenses poderão ter que racionar água. A medida já é adotada pelos vizinhos lourencianos que estão proibidos de lavar calçadas, carros, etc. Já os moradores de Turuçu convivem com o racionamento desde o início de abril, onde todos os dias, das 15h às 18h, o fornecimento é interrompido.
Além do desabastecimento de água para o uso doméstico, os impactos na agricultura, no comércio e nos serviços públicos serão ainda mais profundos. Culturas como o tabaco, milho, feijão, soja e arroz irrigado, serão afetadas. Com a queda na produção agrícola, haverá diminuição da arrecadação da prefeitura, prejudicando o funcionamento dos serviços públicos. O poder de compra dos agricultores cairá, afetando diretamente o comércio e serviços da cidade, além da elevação do preço dos alimentos no supermercado.
A preocupação com Floresta Amazônica não é modismo
A preocupação com Floresta Amazônica não é modismo. Os impactos do desmatamento na Amazônia afetam diretamente a vida e a economia dos camaquenses. Nenhuma agressão ao meio ambiente tem impactos isolados, está tudo interligado e conhecer as ligações faz com que possamos corrigir o problema na origem.
A vida dos camaquenses, assim como dos lourencianos, pelotenses, chuvisquenses, cerrograndenses e demais moradores da região é afetada diretamente pelo desmatamento. Devemos, mais do que nunca, cobrar políticas públicas que combatam o desmatamento da Amazônia e das matas ciliares, que promovam o reflorestamento dos locais já degradados e melhorem o aparato de fiscalização.
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