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Massa de ar muito quente terá maior umidade nos próximos dias com alto risco de temporais fortes a severos no Sul do Brasil e índices de calor (sensação térmica) extremamente altos e nocivos à saúde

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A MetSul Meteorologia alerta que a onda de calor começará a ingressar na sua fase úmida que trará temporais, alguns fortes a severos e com danos de forma isolada, e ainda índices de calor (sensação térmica) excepcionalmente altos e madrugadas de temperatura muito alta.


Já hoje se espera a ocorrência de tempestades, entretanto o cenário é mais preocupante no fim de semana e na primeira metade da semana que vem. Ar quente e umidade são combustíveis para temporais. Quando o primeiro dos ingredientes, no caso o calor, ocorre em excesso, o risco de tempo severo aumenta muito. E não apenas isso. Não apenas cresce a possibilidade de temporais como de tempestades muito forte e até em alguns casos destrutivas, especialmente em dias de calor extremo.


Um exemplo clássico da história recente de temporal sob calor muito intenso e que foi de grande impacto foi a tempestade severa com downbursts que atingiu parte da cidade de Porto Alegre no final de janeiro de 2016. Não se está a afirmar que a capital gaúcha terá temporal de igual magnitude, apesar de o risco de tempestades na cidade ser alto nos próximos dias, mas em diferentes pontos do Sul do Brasil podem ser registradas tempestades severas com danos por vento e granizo.


Um dos maiores riscos neste tipo de situação em que a instabilidade ocorre imersa numa massa de ar por demais quente é o de vendavais. Não são vendavais generalizados e sim de caráter localizado, entretanto onde ocorrem podem ser muito fortes e destrutivos, com casos extremos de downbursts ou mesmo tornados que podem trazer vento muito acima de 100 km/h.


Este é um risco real nos próximos dias nos três estados do Sul. Outro risco será a possibilidade de chuva com volumes excepcionalmente altos (50 mm a 100 mm) em poucos minutos (30 minutos a uma hora) acompanhando temporais isolados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná. Observe a projeção de chuva do modelo WRF para 72h, até 21h do domingo, e atente para os pontos isolados com registros de chuva de 100 mm a 200 mm.


São resultado do que o modelo antecipa serão temporais de verão com chuva extrema isolada, capaz de gerar inundações e alagamentos repentinos com transbordamento de rios, arroios e córregos. De acordo com a projeção do modelo, áreas mais a Leste de Santa Catarina e do Paraná, além de parte de São Paulo, seriam as zonas de maior risco. Apesar disso, episódios de chuva extrema localizada acompanhando temporais podem ocorrer também no Rio Grande do Sul até o começo da semana.



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Os mapas acima, pela ordem, mostram as projeções de refletividade com valores altíssimos (condizentes com instabilidade muito forte) para 18h das tardes de hoje, sábado e domingo. Já nesta sexta são esperados temporais isolados no Sul do Brasil, especialmente no Leste catarinense e paranaense, mas o risco maior ocorre nas tardes de sábado e no domingo no Leste do Sul do Brasil em especial.


Os índices de instabilidade atmosférica, usados como parâmetros para previsão de risco de tempo severo, mostram para as tardes de sábado e do domingo valores condizentes com alta probabilidade de temporais fortes a severos. Os valores do índice CAPE (Convection Available Potential Energy) chegam a superar 3.000 J/Kg em pontos do Leste do Sul brasileiro e do Sul e Leste de São Paulo, ou seja, um cenário ideal para tempo severo.


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Outro efeito do aumento da umidade será o aumento da percepção de calor. Até o momento, o calor muito intenso está se dando com ar extremamente seco. São várias tardes seguidas em que a umidade cai abaixo de 20% no Rio Grande do Sul na maioria dos municípios com mínimos de até 7%, como se viu em Santa Rosa na quarta.


Agora, com maior umidade e a temperatura muito alta, no caso de algumas regiões como Porto Alegre, a Serra e os vales atingindo o pico de calor deste evento neste fim de semana, os índices de calor (sensação térmica) serão extremos. Veja que 38ºC com 20% de umidade traz índice de calor de 37ºC, mas os mesmos 38ºC com 55% de umidade resulta em índice de calor de 52ºC. Você pode fazer o cálculo com a temperatura e a umidade diretamente na calculadora oferecida no site da NOAA, a agência climática dos Estados Unidos.


Por isso, nos próximos dias, várias cidades devem ter índices de calor acima de 45ºC e em alguns casos superiores a 50ºC. O calor muito intenso a extremo que já trazia desconforto e exigia cuidados com o ar muito seco agora será ainda mais desconfortável e com maior risco de trazer choques de calor nas pessoas com o aumento da umidade e o salto dos índices de calor.


Com a mudança da massa de ar muito quente de bastante seca para mais úmida, as noites que vinham sendo agradáveis e até frias para janeiro (caso do Planalto Sul Catarinense que ontem teve geada) deixarão de ser. As próximas noites vão ser muito quente e com mínimas elevadas.


A noite desta sexta-feira, por exemplo, será incrivelmente quente no Sul e no Oeste do Rio Grande do Sul com 30ºC a 33ºC às 21h em Uruguaiana, Quaraí e diversos outros municípios. Uruguaiana, por exemplo, deve amanhecer com temperatura mínima impressionante ao redor de 30ºC no sábado.


Fonte: Metsul

Massa de ar é excepcionalmente seca e favorece temperatura baixa à noite em cidades de maior altitude e tardes de marcas escaldantes nos termômetros

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Nevoeiro raso e geada hoje cedo em baixadas de São Joaquim (SC) | Mycchel Legnaghi/São Joaquim

A temperatura na tarde de ontem chegou a 41,5ºC em Quaraí, no Oeste do Rio Grande do Sul, a mais alta na estação desde que tiveram início as medições pelo Instituto Nacional de Meteorologia na localidade em 2007. Grande parte do estado gaúcho teve mais de 35ºC com marcas na casa de 41ºC também em Uruguaiana e em Santa Rosa. Na Serra Gaúcha, a máxima passou dos 36ºC em Serafina Correa.


Apesar disso, o Planalto Sul Catarinense amanheceu hoje com geada em algumas baixadas e frio de inverno na madrugada em algumas cidades. As mínimas, de acordo com a Epagri-Ciram, foram de 5,3ºC em Bom Jardim da Serra, 5,8ºC em Urubici e 6,5ºC. No Rio Grande do Sul, uma estação particular apontou 7,4ºC em São José dos Ausentes?


O que explicada geada e calor de quase 42ºC em questão de horas no Sul do Brasil? Por óbvio, a massa de ar que está sobre a região não é fria ou as máximas não estariam superando 40ºC no Rio Grande do Sul.


O que determinou o resfriamento nos locais de maior altitude foi o perfil extremamente seco da atmosfera. Esfria muito na madrugada nestes pontos altos e o ar frio que é mais denso e pesado escoa para baixadas, onde ocorrem as mínimas e se forma geada.

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Geada hoje cedo em São Joaquim | Mycchel Legnaghi/São Joaquim

Quando a atmosfera está por demais seca, aumenta demais a amplitude térmica, ou seja, a diferença da mínima para a máxima do dia. Veja o caso de uma estação da Epagri em Vacaria, nos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul. A mínima hoje foi de 9,2ºC, temperatura suficiente para um casaco. A mesma estação indicou máxima ontem à tarde de 32,0ºC, marca que permite um banho de piscina.


A umidade no local era de 20%. O ar está extremamente seco em parte do Sul do Brasil com valores em muitas cidades que são raros de ver. Ontem, conforme o Inmet, a umidade mínima foi de 7% em Santa Rosa, 10% em Frederico Westphalen, Erechim, Lagoa Vermelha, Soledade, Rio Pardo, São Luiz Gonzaga e Ibirubá, 11% em Palmeira das Missões, Passo Fundo, Vacaria, Encruzilhada do Sul, Serafina Correa e Bento Gonçalves, 12% em Cruz Alta, Tupanciretã e Uruguaiana, e 13% em Quaraí, São Vicente do Sul e Teutônia.



Para se ter ideia, a menor umidade em Brasília em 2021, conforme o Inmet, foi de 11% em 19 de setembro. Na tarde hoje, em Calama, no deserto do Atacama, a umidade relativa do ar era de 21% no menor valor da tarde no Aeroporto de El Loa, menos seco que a maior parte do Rio Grande do Sul no horário. Mas isso não vai durar muito.



A partir deste fim de semana o calor vai ficar úmido em várias regiões, o que vai determinar extremo desconforto térmico pelos muito elevados índices de calor (sensação). Não vai ter geada e sim muito abafamento com mínimas altas e madrugadas muito quentes que serão difíceis para dormir sem ar-condicionado.


Fonte: Metsul


Entretanto, nível da barragem é um dos mais baixos para o período nos últimos 10 anos

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Diversas cidades do Estado do Rio Grande do Sul estão adotando e outras avaliando o racionamento de água como tentativa de manter o abastecimento da população durante a estiagem que afeta o nível dos rios e reservatórios.



De acordo com o site da Aud – Associação dos Usuários do Perímetro de Irrigação do Arroio Duro, a barragem que abastece a cidade e lavouras de arroz por irrigação, conta com acumulado de 43%.


O nível da água é um dos mais baixos para o período nos últimos 10 anos, evidenciando a necessidade de uso consciente e responsável da água.


Camaquã não possui risco de racionamento, por enquanto.


leandro.neutzlingbarbosa@gmail

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