Dia do Livro: muitos livros e poucos leitores
- Leandro Barbosa
- 23 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
Ler nos permite interpretar o mundo a partir de nós mesmo, não aceitamos o que nos é imposto sem questionamentos

Comemoramos nesta terça-feira (23) o Dia Mundial do Livro, mas há pouco para nos orgulharmos. Por ano, o brasileiro lê em média 2,43 livros, segundo pesquisa divulgada em 2016 pelo Instituto Pró-Livro. O estudo revelou ainda que 30% da população nunca comprou um livro. Entre os fatores que contribuem para a falta de costume em ler está a desigualdade social, analfabetismo, falta de estrutura familiar e educacional.
O problema não são os valores dos livros, pois há vários meios de se conseguir um exemplar desejado: sebos, trocas, empréstimos, meios eletrônicos. O problema está no hábito. Não somos acostumados a ler e isso gera inúmeros problemas para o Brasil. Percebemos os reflexos disso na política, por exemplo.
Através da leitura, é possível conhecer outros pontos de vista, outras realidades. Além de enriquecimento cultural, os livros provocam o processo civilizador. Como dito por Marcio Vargas Llosa ao receber o prêmio Nobel de Literatura em 2010: “um mundo sem literatura se transformaria num mundo sem desejos, sem ideais, sem desobediência, um mundo de autômatos privados daquilo que torna humano um ser humano: a capacidade de sair de si mesmo e de se transformar em outro, em outros, modelados pela argila dos nossos sonhos”.
De acordo com o livro A Cabeça do Brasileiro (Alberto Carlos Almeida – Rio de Janeiro: Record, 8º ed.2015), quanto mais baixa a escolaridade, mais favorável a censura, torturas, nepotismo, uso da máquina pública, preconceitos, “jeitinho brasileiro”, entre outros. Obviamente escolaridade mais alta não quer dizer que o individuo seja um leitor, mas naturalmente possui mais leituras que alguém que não concluiu o ensino básico.
Ler nos permite interpretar o mundo a partir de nós mesmo, não aceitamos o que nos é imposto sem questionamentos. O hábito da leitura torna o cidadão “perigoso” aos governos, as ditaduras e ao fascimo. Construir um país crítico, um país de leitores não é uma tarefa fácil.
Não se constrói um muro em dez minutos, assim como não se faz uma sociedade justa em dez anos.
Somos responsáveis pelos atos que praticamos e também, de forma geral, pela sociedade que estamos inseridos. É preciso incentivar a leitura em nossas casas, escolas, repartições públicas, etc. A leitura produz uma sociedade melhor!
Foto: Reprodução
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